COP 28: A Conferência de Mudanças Climáticas da ONU
Do dia 30 de novembro a 12 de dezembro, aconteceu a COP 28, a Conferência de Mudanças Climáticas da ONU, em Dubai, Emirados Árabes.
A Conferência reúne todos os países-membros da ONU para debater estratégias para conter o aquecimento global, cujo máximo aceitável, de acordo com o Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC), é de 1,5º C até 2050, em relação às temperaturas registradas na era pré-industrial. A proposta era discutir os desafios impostos pelas mudanças do clima.
Estivemos presentes no evento, sendo representados pela colaboradora Rafaela, que conversou com diversas pessoas e ficou de olho em tudo para gente. Neste artigo exploraremos os assuntos abordados por lá!
🌊Setor aquaviário brasileiro
As vias fluviais brasileiras são de suma importância para o transporte no país. Elas são responsáveis por movimentar uma variedade de produtos em grandes volumes, exigindo obras regulares de limpeza para manter a segurança e viabilidade para as embarcações. Essas dragagens, seja para manutenção ou melhoria dos canais, trazem impactos positivos para o progresso, garantindo segurança, redução de gastos logísticos e fomentando o transporte multimodal. Isso possibilita que navios maiores acessem os portos, aumentando a competitividade na importação, exportação e navegação costeira.
Durante o painel de discussões entre setores, tivemos Cristina Castro representando a ANTAQ, onde apontou a necessidade de inovação no setor aquaviário brasileiro.
Citando 3 fases da situação climática: mudança climática, risco climático e desastre climático, nós chegamos ao desastre climático, atingimos o aumento de 1,5°C que era a meta para 2030, precisamos entender os riscos, especificidades de cada porto e região, podendo desencadear uma crise hídrica enorme.
“Os navios serão responsáveis por transportarem a energia limpa para o mundo”,
– Flavia Nico, do Ministério dos Portos
Flavia ressalta os desafios, afinal, serão o modo de transporte dos combustíveis de um continente a outro. Também levantou o questionamento em quais serão os portos do país que entrarão nesta transição e como será realizada a preparação da infraestrutura destes portos, como poderemos aproveitar a oportunidade de ganho de novos negócios, afinal o Brasil é um dos países que possui abundância de terras e água, temos potencialidade para que os portos se insiram em uma nova onda de exportação, sendo portas de um comercio global com as novas energias, sendo um novo tipo de industrialização.
🚢 A descarbonização do setor marítimo no Brasil
Um desafio crucial diante da crescente importância do oceano e dos impactos do crescimento econômico na costa.
Sturla Henriksen, conselheiro sênior de Ocean Stewardship, enfatiza a correlação entre o aumento populacional, a urbanização costeira e a crise climática, destacando que o compromisso com limites como 1,5 graus não é apenas político, mas essencial para a sobrevivência do planeta, afinal nosso planeta tem apresentado a cada 23 anos um aumento de 100% na economia global.
Vivemos numa crise de desigualdade, aonde 5 são os pontos de virada as quais podem auxiliar na proteção dos nossos oceanos, sendo um deles a descarbonização do transporte marítimo um deles.
💸 Desafios para a implementação do “green shipping” no Brasil
O Green Shipping é a iniciativa que possibilita uma navegação mais moderna, reduzindo custos e impactos ambientais.
Patricia Furtado, da AquaMater, aponta que um dos maiores desafios que temos é a necessidade de convencimento dos portos e terminais de estarem envolvidos nesta agenda, afinal é um processo caro, onde não é reconhecida como lei para as diretrizes IMO e a falta de certificações para o green shipping, assim como os custos para troca de todo o equipamento e falta de incentivo do setor financeiro.
Nos portos em fase de descarbonização, os quais já temos no Brasil, alguns mais avançados que outros, a implantação de um protocolo GHG é necessário.
Nasce também o receio de quanto desta frota realmente se fará presente no Brasil ou apenas ficara no norte global, vale a pena todos esses investimentos se não temos certeza do recebimento destas embarcações limpas?
Para terminais que são também responsáveis pelo abastecimento, quais combustíveis serão necessários? Para os armadores as embarcações necessitarão de maiores tanques de combustíveis, perdendo espaço para carga e até mesmo tonando os navios mais lentos devido ao combustível utilizado, precisaremos de viabilidade não só nas operações, mas economicamente, financeiramente e tecnologicamente para esta mudança.
O uso de etanol na cabotagem já é considerado, mas questões de segurança e adaptação a novos combustíveis são destacadas. Temos desafios com os novos combustíveis de periculosidade, gerando necessidade de novos treinamentos para todas as partes operacionais envolvidas nos processos de embarque, assim como novas legislações.
🌎Rumo à Sustentabilidade no Setor Marítimo Brasileiro
Madadh Maclaine da Zero Emissions Ship Technology, trouxe novas definições de Zero, podendo trabalhar com moléculas de hidrogênio e vento. Reforçou que é necessário o alcance da emissão zero, é necessário convidar os armadores para um trabalho em conjunto com os desafios das companhias. Precisamos investir na saúde dos oceanos, afinal ele é nosso aliado a lutar contra a mudança climática.
Donos de navios estão iniciando linhas de navios verdes, sendo os grandes desafios os portos e como será o auxílio dessa nova linha de navios e seus abastecimentos. Para tornar o setor marítimo brasileiro uma inspiração global, é enfatizada a importância da participação de todos os setores, além do aumento da diversidade de gênero na força de trabalho. O desafio é enorme, mas a colaboração entre empresas, governo e instituições educacionais é crucial para enfrentar essa questão e transformar o setor marítimo em um modelo global de sustentabilidade.